O ronco é causado pela vibração dos tecidos da garganta quando o fluxo de ar encontra resistência durante o sono. Entender como tratar ronco noturno é essencial porque, em grande parte dos casos, o problema está diretamente relacionado a alterações na respiração durante o sono — especialmente quando há risco de apneia.
Em muitos desses cenários, o uso do aparelho para apneia do sono torna-se uma das principais estratégias terapêuticas para manter as vias aéreas abertas e restaurar a qualidade do descanso.
Durante o sono, músculos como língua, palato mole e faringe relaxam, podendo estreitar a passagem do ar e gerar ronco. Quando esse estreitamento evolui para obstrução completa, surgem os episódios de apneia obstrutiva do sono (AOS).
Ronco noturno é sempre um sinal de apneia?
Nem sempre. Mas quando o ronco é alto, frequente e acompanhado de pausas respiratórias, o risco de apneia é muito alto.
A apneia obstrutiva do sono é caracterizada por eventos repetidos de interrupção total (apneia) ou parcial (hipopneia) da respiração. Cada pausa pode durar 10 a 60 segundos e ocorrer dezenas ou até centenas de vezes por noite.
Essas interrupções provocam microdespertares e queda da oxigenação sanguínea, prejudicando a arquitetura do sono e impactando todas as funções corporais.
Segundo a American Academy of Sleep Medicine (AASM), a apneia atinge até 25% dos adultos, muitas vezes sem diagnóstico.
Como a apneia e o ronco afetam o coração?
O ronco frequente e a apneia expõem o corpo a episódios repetidos de hipóxia intermitente, um fenômeno em que o nível de oxigênio no sangue cai e sobe continuamente.
Isso desencadeia três efeitos fisiológicos importantes:
- Ativação crônica do sistema nervoso simpático
O corpo libera adrenalina para “acordar” a respiração, aumentando a pressão arterial. - Inflamação sistêmica
A hipóxia aumenta marcadores inflamatórios, como TNF-α e interleucinas, elevando o risco cardiovascular. - Disfunção endotelial
Os vasos sanguíneos perdem sua capacidade natural de relaxar, favorecendo hipertensão e aterosclerose.
Vários estudos publicados no PubMed e no NIH relacionam a apneia a:
- Hipertensão resistente
- Arritmias cardíacas
- Insuficiência cardíaca
- Infarto
- AVC
O ronco nunca deve ser tratado como um simples “barulho”, mas como um marcador fisiológico importante.
Como posso diferenciar ronco leve de ronco preocupante?
Ronco simples (não preocupante)
- Som leve ou moderado
- Sem pausas respiratórias observadas
- Acontece apenas quando a pessoa dorme de costas
- Não há sonolência excessiva durante o dia
Ronco de alerta
- Muito alto, constante e diário
- Acorda o parceiro
- Há engasgos, sufocamento ou pausas respiratórias
- Acordar cansado, com dor de cabeça ou boca seca
- Sonolência diurna e dificuldade de concentração
Caso esses sintomas estejam presentes, a recomendação internacional é realizar polissonografia, o padrão-ouro para diagnóstico da apneia.
Quais são as opções de tratamento do ronco noturno?
Existem diversas abordagens terapêuticas, que vão desde ajustes comportamentais até dispositivos avançados para apneia.
1. Mudanças de hábitos (linhas de cuidado de primeira escolha)
- Redução de peso (mesmo 10% já reduz eventos de apneia)
- Evitar álcool e sedativos
- Dormir de lado
- Higiene do sono adequada
- Tratar congestão nasal crônica
Esses hábitos ajudam, mas isoladamente raramente resolvem casos moderados ou graves.
O aparelho para apneia do sono realmente funciona?
Sim e há duas categorias principais, cada uma com indicações específicas:
1. CPAP (Continuous Positive Airway Pressure)
É o tratamento padrão-ouro para apneia moderada e grave.
Ele envia ar pressurizado continuamente, impedindo o colapso das vias aéreas.
Estudos da AASM mostram redução significativa de eventos de apneia e melhora cardiovascular.
2. Aparelho intraoral (MAD – Mandibular Advancement Device)
O aparelho para apneia do sono mais usado na odontologia é o avanço mandibular.
Ele funciona projetando a mandíbula discretamente para frente, ampliando a via aérea superior.
Evidências mostram:
- Redução de até 80% dos eventos de apneia em casos leves e moderados
- Melhora expressiva no ronco
- Melhor adesão do que CPAP, por ser mais confortável
- Menor risco cardiovascular a longo prazo
Publicações no Journal of Clinical Sleep Medicine comprovam que, para muitos pacientes, o aparelho intraoral oferece excelente controle respiratório, especialmente quando o CPAP não é tolerado.
Como o aparelho intraoral age na fisiologia da respiração?
Quando a mandíbula avança, ocorrem três mudanças mecânicas que explicam sua eficácia:
- Aumento do espaço retroglossal
Afasta a base da língua da parede da faringe. - Redução do colapso faríngeo
Diminui a vibração dos tecidos moles que causam o ronco. - Melhora do tônus muscular da via aérea
Favorece passagem de ar contínua e estável.
É por isso que o aparelho é uma terapia de grande impacto para ronco e apneia leve ou moderada.
Existem tratamentos cirúrgicos para ronco?
Sim, mas são reservados para casos bem selecionados:
- Uvulopalatofaringoplastia (remoção de excesso de tecido)
- Septoplastia (para desvio de septo)
- Amigdalectomia
- Cirurgia de avanço maxilomandibular
- Estimulação do nervo hipoglosso (tecnologia recente e eficaz)
Cirurgias são indicadas quando há alterações anatômicas claras ou falha em outras terapias.
Como saber qual tratamento é certo para você?
O processo ideal envolve:
- Avaliação clínica completa
- Polissonografia para confirmar o diagnóstico
- Análise das vias aéreas por otorrino e dentista do sono
- Escolha personalizada do tratamento (CPAP, aparelho, cirurgia ou combinação)
Nenhum tratamento deve ser iniciado sem diagnóstico adequado.
FAQs sobre Aparelho para apneia do sono
Depende da gravidade. Em apneia leve e moderada, muitas vezes sim.
Sim, ele reduz ou elimina o ronco ao ampliar a via aérea.
Não. Apenas aparelhos personalizados têm eficácia comprovada.
Pacientes com perda dentária extensa ou disfunção severa de ATM.
Pode causar leve desconforto no início, mas desaparece com a adaptação.
Conclusão: tratar o ronco é cuidar da saúde inteira
O ronco noturno não deve ser ignorado — ele é um dos primeiros sinais de que as vias aéreas estão colapsando durante o sono. Tratar o ronco é muito mais do que melhorar o silêncio do quarto: é proteger o coração, o metabolismo, o cérebro e a qualidade de vida.
Felizmente, existem terapias eficazes e validadas cientificamente, incluindo o aparelho para apneia do sono, o CPAP e intervenções comportamentais e cirúrgicas.
O passo mais importante é o diagnóstico correto. A partir disso, o tratamento certo transforma noites de preocupação em noites de recuperação — e impacta profundamente a saúde a longo prazo.
Referências
- American Academy of Sleep Medicine (AASM). Clinical Guidelines for OSA Management. https://aasm.org
- National Institutes of Health (NIH). Sleep Apnea Information. https://www.nhlbi.nih.gov
- Sullivan CE et al. Reversal of obstructive sleep apnea by continuous positive airway pressure. PubMed: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/
- Marklund M et al. Mandibular advancement devices in OSA treatment. Sleep Medicine Reviews. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/
- Epstein LJ et al. Treatment of Obstructive Sleep Apnea in Adults. J Clin Sleep Med. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/
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